Psicologia Positiva

quarta-feira, 9 de julho de 2014 | 18:15 | Por 1 comentário
A "Psicologia Positiva" é um movimento científico cujo foco é o estudo das emoções positivas, com métricas para mensurá-las e seus efeitos em nosso comportamento e em nosso dia a dia. Não se trata de bloquear os eventos negativos, como se não existissem, mas uma forma de exercê-las é tornar positivo cada gesto, palavra ou ação que assim puder ser. Infelizmente, muita gente ainda não sabe como exercer, de fato, essas emoções.

Vivemos na era do imediato, do prazer instantâneo, e isso pode afetar não só a forma como vivemos as experiências positivas mas a maneira como encaramos as ruins. Assim como queremos, e rápido, aquilo que nos faz bem, tendemos a não tolerar o contrário, o que nem sempre é possível. Essa falta de autocontrole leva-nos a baixa tolerância à frustração, o que pode ser um problema. Comportamentos impulsivos estão intimamente ligados a esse tipo de situação, tanto para buscar, incondicionalmente, o prazer, quanto para afastar o mal-estar...

É nesse mecanismo que se apoiam também as compulsões, o uso de drogas, a alimentação compulsiva ou baseada em açúcar, a recorrência aos rápidos resultados das perigosas cirurgias plásticas ou bariátricas, em detrimento de um longo, porém duradouro, trabalho de educação física e nutricional.

Também é o que nos faz mudar incessantemente de emprego, carreira, em busca daquilo que sonhamos (realização, dinheiro, reconhecimento e status), esquecendo-nos de que essa conquista, muitas vezes, depende do tempo que passamos em uma empresa, de galgar espaço e adquirir experiência em diversas funções. O mesmo ocorre com os relacionamentos interpessoais, cada vez mais descartáveis. Quer melhor retrato de nossa época do que este?

Um estudo que se iniciou nos anos 60, porém, é o maior indicativo de que ter autocontrole é essencial para ser bem-sucedido. E isso parece não ter mudado de lá pra cá. O psicólogo Walter Mischel, da Universidade Columbia, em Nova York, EUA, colocou várias crianças de 4 anos em uma sala cujo único foco de atenção era um prato com um marshmallow. Elas poderiam comê-lo, ou aguardar, por um tempo determinado sem comer o doce, para, ao fim dessa contagem, ganhar dois marshmallows. Assista a seguir:


No resultado da pesquisa, algumas não aguentaram e comeram o primeiro doce. Mas aquelas que conseguiram aguardar pela gratificação dos dois marshmallows se deram muito melhor na vida. Não só foram muito melhor na escola como, na vida adulta, obtiveram ótimos resultados. Entre os que não aguardaram, diversos problemas, até com drogas, foram relatados, para além das notas ruins.

Seja positivo!
O sofrimento pela espera, no entanto, foi visível para todas as crianças que participaram do teste. A forma como elas enfrentaram o problema é o fator interessante da história. Algumas tinham estratégias como dar uma lambidinha no doce, tirar um pedacinho. Outras viravam de costas, assobiavam... distraíam-se com seus próprios pensamentos.

A estratégia para enfrentar a adversidade (e sobre a qual a Psicologia Positiva tem se debruçado desde o seu início) se dá o nome de coping. A Psicologia Positiva tem se interessado em estudar as estratégias de coping mais funcionais, tais como a capacidade de um dado indivíduo de, diante do estresse, conseguir, dentre outras possibilidades, sobrepor suas emoções positivas às ruins no enfrentamento do problema, mirando no positivo (os resultados, a gratificação) para conseguir passar por tal obstáculo. Imagine o quanto isso pode surtir efeito em sua carreira, no trabalho corporal, nos relacionamentos?

Reclamar e criticar vira hábito
Como exemplo, conto uma história de uma senhorinha que costumava assistir à TV comentando tudo que via. Tornou-se corriqueiro para ela degradar as apresentadoras, as jornalistas, e até as figuras masculinas da telinha. Apenas faltava o assunto e criticar, de modo engraçado e criativo, preenchia essa lacuna. Com certa plateia (sim, o ser humano cultiva esse tipo de comportamento, é uma questão evolutiva, infelizmente), "descer a lenha" na roupa, na postura, na aparência e na fala dos interlocutores televisivos acabou virando rotina. Assistir à TV com a ela significava ouvi-la, o tempo todo, fazendo maus comentários.

O complicado foi quando isso se transferiu para o convívio familiar. Naquela casa nunca havia, na perspectiva dessa senhora, alguém bem-vestido o suficiente, bonito o suficiente, inteligente o suficiente... a coisa desandou. Assim como reclamar, criticar também vira hábito. E o divertido ficou chato, ofensivo, triste para todos.

Desvinculando um pouco a Psicologia Positiva do discurso do exercício do otimismo - a PP não é só isso, nem é pensamento positivo - volto meu olhar pra essas pequenas ações que podem fazer muita diferença no cotidiano. Pensando bem, por que não podemos destacar, com (mais) frequência, o que de bonito vemos no amigo, no colega, no parente, as qualidades e pontos positivos dessas pessoas? Imagine alguém com um dia ruim por N razões e, além de tudo, uma velhinha ranzinza lhe critica a roupa, o corte de cabelo, o jeito de falar? 

Como o cérebro reage aos pequenos hábitos negativos?
Começamos por assistir à TV, ler o jornal... e, sem pesar dois lados de uma história, acabamos pendendo sempre para o negativo. E nesse exercício diário fazemos nossos neurônios trabalharem contra nós, formando uma rede dessas células orientada para o olhar negativo sobre o outro, para os fatos e para tudo. É preciso prestar atenção aos pequenos hábitos, pois eles são um aprendizado neurológico importante. Na caixa preta de nosso cérebro faz toda diferença se damos ou não 'bom dia'- ou se perguntamos 'por quê?'- quando alguém nos deseja um.

E você, internauta que me lê neste momento? Tem bons ou maus hábitos? Pratica o olhar positivo e as emoções positivas? Se ainda não pratica, está em tempo de começar. Pense nisso.

Fonte: Vya Estelar
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