Consumo de Drogas na Gravidez I: Medicamentos

Tudo o que uma gestante ingere chega até o útero. Drogas podem atravessar a placenta, assim como o oxigênio, o dióxido de carbono e a água o fazem. A vulnerabilidade é maior nos primeiros meses de gestação, quando o desenvolvimento é mais rápido.

Quais são os efeitos do uso de drogas específicas durante a gravidez? Vejamos primeiro os medicamentos; depois, veremos o álcool, a nicotina e a cafeína; e finalmente as drogas ilegais: maconha, opiáceos e cocaína.

Medicamentos

No começo da década de 1960, o tranquilizante talidomida foi proibido depois de se descobrir que ele era a causa de membros atrofiados, ou mesmo da ausência deles, sérias deformidades faciais e órgãos defeituosos em cerca de 12 mil bebês. O desastre da talidamida sensibilizou os médicos e o público para os perigos potenciais da ingestão de remédios durante a gravidez.

*Qual a sua opinião? Uma vez proibida por causar defeitos congênitos, descobriu-se desde então que a talidomida é eficaz para combater muitas doenças, de úlcera bucal a câncer no cérebro. Seu uso para esses fins deveria ser permitido, mesmo havendo o risco de ser ingerido por gestantes? Em caso positivo, que garantias devem ser exigidas?

Hoje, sabe-se que quase 30 medicamentos são teratogênicos em doses clinicamente recomendadas. Entre eles o antibiótico tetraciclina; certos barbitúricos, opiáceos e outros depressores do sistema nervoso central; vários hormônios, incluindo o dietilestibestrol (DES) e andrógenos; certas drogas anticancerígenas como o metotrexato; Accutane, um medicamento geralmente prescrito para casos agudos de acne; aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteroidais, os quais devem ser evitados durante o terceiro trimestre. 

Uma revisão de dados de oito organizações de saúde em diversas áreas geográficas constatou que quase 40% das mulheres que foram medicadas durante a gravidez receberam remédios cuja segurança para o feto ainda não foi estabelecida, e outras 10% receberam medicamentos para os quais foram encontradas evidências de risco para o feto.

Bebês cujas mães tomaram antidepressivos como o Prozac durante a gravidez tendem a apresentar tremores, sonolência, movimentos erráticos e sobressaltos durante o sono - sinais de atividade neurocomportamental interrompida. Certos medicamentos antipsicóticos utilizados para controlar transtornos psiquiátricos graves podem ter sérios efeitos potenciais sobre os fetos, podendo ocorrer síndrome de abstinência no nascimento.

É aconselhável diminuir gradativamente à medida que se aproxima o dia do parto, ou se necessário, prescrever a menor dose possível. A Comissão de Drogas da Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP) recomenda não prescrever medicamentos para gestantes ou lactantes, a menos que seja essencial para a saúde da mãe ou do filho. Mulheres grávidas não devem tomar remédios de venda não controlada (sem receita) sem consultar um médico.

Leia também: 
* Consumo de Drogas na Gravidez II: Álcool e Cafeína
* Consumo de Drogas na Gravidez III: Nicotina, Maconha e Cocaína
- Bem-estar do feto vs Direito das mães
- Campanha: Drogas e Cidadania
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