Mostrando postagens com marcador psicanálise. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador psicanálise. Mostrar todas as postagens
O Movimento de Luta Antimanicomial se refere a um processo organizado de transformação dos serviços psiquiátricos e tem o dia 18 de maio como data de referência no calendário nacional.

Dra. Nise da Silveira
Por isso, hoje, para fomentar o debate sobre a importância do fortalecimento da luta e da construção de um novo olhar social sobre os sujeitos, respeitando suas singularidades, refletiremos sobre história da Dra. Nise da Silveira, psiquiatra alagoana que foi figura pioneira na luta antimanicomial no Brasil, conhecida por questionar e trazer à discussão às práticas extremamente violentas empregadas no tratamento de pessoas com transtornos mentais, e que teve há pouco tempo o filme “Nise: O Coração da Loucura” contando parte importante de sua história revolucionária. Esse é um filme para ver e rever, se inspirar e pensar em qual nosso lugar na transformação da sociedade em que vivemos.
Os meios de comunicação perceberam como uma notícia criminal desperta a atenção da população. Daí a presença recorrente desse tema em manchetes, reportagens policiais, filmes, novelas ou seriados. Inicialmente, num raciocínio perfunctório e ignaro, poder-se-ia afirmar que essa quase fascinação por episódios delituosos é fruto da curiosidade humana. Todavia, à luz da criminologia psicanalítica há outra explicação.
*Para entender melhor este artigo, leia antes sobre o processo de individuação (crescimento psicológico) descrito por Carl Jung: aqui.

A individuação nem sempre é uma tarefa fácil ou agradável, e o indivíduo precisa ser relativamente saudável em termos psicológicos para começar o processo. O ego precisa ser forte o suficiente para suportar mudanças tremendas, para ser virado pelo avesso no processo de individuação.
"Pode-se-ia dizer que todo o mundo, com sua confusão e miséria, está num processo de individuação. No entanto, as pessoas não o sabem, esta é a única diferença. A individuação  não é de modo algum uma coisa rara ou um luxo de poucos, mas aqueles que sabem que passam pelo processo são considerados afortunados. Desde que suficientemente conscientes, eles tiram algum proveito de tal processo." (Jung, 1973, p. 442)
De acordo com Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a individuação ou autodesenvolvimento. "Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por 'individualidade' entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir 'individuação' como 'tornar-se si mesmo'" (Jung, 1928, p.49).

Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo ego-self, além da integração de várias partes da psique: ego, persona, sombra, anima ou animus e outros arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.

"Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do autoconhecimento, atuando, conseqüentemente, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contratendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo." (Jung, 1928)
Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self. Quando tornam-se individuados, esses arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.

O ego
O ego é o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente.

De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.
De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada.

Jung está interessado nos símbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberadamente criados por um artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista. "Assim como uma planta produz flores, assim a psique cria os seus símbolos." (Jung, 1964, p.64)
Carl Gustav Jung nasceu na Suíça a 26 de julho de 1875. A concepção de Jung sobre o inconsciente pessoal é semelhante ao inconsciente da teoria psicanalítica. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares. Jung formulou também o conceito de inconsciente coletivo, também conhecido como impessoal ou transpessoal. Seus conteúdos são universais e não-estabelecidos em nossa experiência pessoal. Este conceito constitui, talvez, a maior divergência em relação a Freud, e ao mesmo tempo, sua maior contribuição à Psicologia.

Jung escreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. "Exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos esperar encontrar também, na mente, uma organização análoga. Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe" (Jung, 1964, p. 67). Nossa mente inconsciente, assim como nosso corpo, é um depositário de relíquias do passado.
No artigo chamado "Em defesa da família tentacular", Maria Rita Kehl questiona se a “degradação social” em que vivemos (delinquência juvenil, violência, drogadições, desorientação dos jovens e etc) é responsabilidade ou não da “dissolução da família” família nuclear “normal”: monogâmica, patriarcal e endogamica.

A autora faz uma análise histórica de como e porque a tendência da sociedade tem sido se afastar cada vez mais deste padrão familiar que as classes medias brasileiras adotaram como ideal...
Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), mas a psicanálise freudiana não é a única teoria a se utilizar desse conceito. Outras vertentes da psicologia também se utilizam dessa denominação. Quando o ego se manifesta diante de ameaças de desprazer, organizam-se mecanismos para defender o sujeito dessas ameaças.
Obs: Quem não assistiu ao filme
pode ter algumas surpresas
estragadas ao ler o texto.
Poucos diretores de cinema sofrem tanta influência da psicanálise quanto Darren Aronofsky. Em 2000, nas cenas finais de “Réquiem Para um Sonho”, filmou uma antológica sequencia em que os personagens se encolhem como fetos. No contexto da história, estava clara a influência do pensamento de Freud: o ser humano se origina do inorgânico e, durante toda sua vida, apresenta uma pulsão de retornar ao estado de ser nada. Em busca do equilíbrio biológico perfeito (homeostase), os seres humanos possuem uma atração instintiva pelo útero (o nascer) e pelo túmulo (o morrer). O ser humano luta em vida, de forma inútil, pelo fim de suas tensões internas. Luta por saciar-se. Onze anos depois de “Réquiem Para um Sonho”, Aronofsky apresenta aos espectadores uma verdadeira aula introdutória à psicanálise no longa “Black Swan”. Poucos filmes possuem referências tão perfeitas e bem amarradas à teoria psicanalítica. Talvez apenas o pesado “O Anticristo”, de Lars Von Trier, seja tão contundente...