Efeito do Elogio à Inteligência da Criança

terça-feira, 15 de maio de 2012 | 22:07 | Por Comente!
Pela correria dos últimos dias, esse será um post informativo, retirado do Update or Die. Se trata da diferença entre "inteligente" e "esforçado". Objetivo: treinar a criança para aceitar a crítica e evoluir.


Gabriel é um menino esperto. Cresceu ouvindo isso. Andou, leu e escreveu cedo. Vai bem nos esportes. É popular na escola e as provas confirmam, numericamente e por escrito, sua capacidade. “Esse menino é inteligente demais”, repetem orgulhosos os pais, parentes e professores. “Tudo é fácil pra esse malandrinho”.

Porém, ao contrário do que poderíamos esperar, essa consciência da própria inteligência não tem ajudado muito o Gabriel nas lições de casa.

- “Ah, eu não sou bom para soletrar, vou fazer o próximo exercício”.

Rapidamente Gabriel está aprendendo a dividir o mundo em coisas em que ele é bom, e coisas em que ele não é bom.

A estratégia (esperta, obviamente) é a base do comportamento humano: buscar prazer e evitar a dor. No caso, evitar e desmerecer as tarefas em que não é um sucesso e colocar toda a energia naquelas que já domina com facilidade. Mas, como infelizmente a lição de casa precisa ser feita por inteiro, inclusive a soletração, de repente a autoestima do pequeno Gabriel faz um… crack.

Acreditar cegamente na sua inteligência à prova de balas, provocou um efeito colateral inesperado: uma desconfiança de suas reais habilidades. Inconscientemente ele se assusta com a possibilidade de ser uma fraude, e para protegê-lo dessa conclusão precipitada, seu cérebro cria uma medida evasiva de emergência: coloca o rótulo dourado no colo, subestima a importância do esforço e superestima a necessidade de ajuda dos pais.

A imagem do “Gabriel que faz tudo com facilidade” , a do “Gabriel inteligente” (misturada com carinho), precisa ser protegida de qualquer maneira.


Gabriel não está sozinho. São muitos os prodígios, vítimas de suas próprias habilidades de infância e dos bem intencionados e sinceros elogios dos adultos.

Nos últimos 10 anos foram publicados diversos estudos sobre os efeitos de elogios em crianças.

Um teste, realizado nos Estados Unidos com mais de 400 crianças da quinta série (Carol S. Dweck / Ph.D. Social and Developmental Psychology / Mindset: The New Psychology of Success), desafiava meninos e meninas a fazer um quebra-cabeças, relativamente fácil.

Quando acabavam, alguns eram elogiados pela sua inteligência (“você foi bem esperto, hein!) e outros, pelo seu esforço (“puxa, você se empenhou pra valer hein!”).

Em uma segunda rodada, mais difícil, os alunos podiam escolher entre um novo desafio semelhante ou diferente. A maioria dos que foram elogiados como “inteligentes” escolheu o desafio semelhante. A maioria dos que foram elogiados como “esforçados” escolheu o desafio diferente. Influenciados por apenas UMA frase.

O diagrama abaixo mostra bem as diferenças de mentalidade e o que pode acontecer na vida adulta.

Clique para ampliar.
O Malcom Gladwell tem um ótimo livro sobre a superestimação do talento, chamado “Fora de Série” (“outliers”). Lá ensina sobre a lei das 10 mil horas, tempo necessário para se ficar bom em alguma coisa, que você pode ensinar para o seu filho.

Se você tem um filho, um sobrinho, ou um amigo pequeno, não é preferível que você diga que ele é inteligente. E sim que diga que ele é esforçado, aventureiro, descobridor, fuçador, persistente. Celebre o sucesso, mas não se esqueça de comemorar também o fracasso seguido de nova tentativa.

Claro que você pode elogiar as crianças. Não é proibido dizer ao seu filho que ele é inteligente, é apenas uma questão de evitar o rótulo, para incentivar a criança a continuar sempre tentando.

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