Carl Jung: Introdução à Arquétipos e Inconsciente Coletivo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014 | 16:23 | Por 15 comentários
Carl Gustav Jung nasceu na Suíça a 26 de julho de 1875. A concepção de Jung sobre o inconsciente pessoal é semelhante ao inconsciente da teoria psicanalítica. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares. Jung formulou também o conceito de inconsciente coletivo, também conhecido como impessoal ou transpessoal. Seus conteúdos são universais e não-estabelecidos em nossa experiência pessoal. Este conceito constitui, talvez, a maior divergência em relação a Freud, e ao mesmo tempo, sua maior contribuição à Psicologia.

Jung escreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. "Exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos esperar encontrar também, na mente, uma organização análoga. Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe" (Jung, 1964, p. 67). Nossa mente inconsciente, assim como nosso corpo, é um depositário de relíquias do passado.

"O inconsciente coletivo é constituído, numa proporção mínima, por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homem. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral." (Jung, 1973, p.408)

Dentro do inconsciente coletivo há "estruturas" psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio desde que a água começa a fluir por eles. Jung também chama os arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes.

Os mesmos temas podem ser encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. De acordo com Jung, os arquétipos, como elementos estruturais formadores que se firmam no inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.

A história de Édipo é uma boa ilustração de um arquétipo. É um motivo tanto mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o relacionamento do filho com seus pais. Há, obviamente, muitas outras situações ligadas ao tema, tal como o relacionamento da filha com seus pais, o relacionamento dos pais com os filhos, relacionamentos entre homem e mulher, irmãos, irmãs e assim por diante.

Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um dado arquétipo. Por exemplo, o arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria e Mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O arquétipo materno inclui não somente aspectos positivos, mas também negativos, como a mãe ameaçadora, dominadora ou sufocadora. Na idade média, por exemplo, este aspecto do arquétipo estava cristalizado na imagem da bruxa.

Ele escreveu que "os conteúdos de um arquétipo podem ser integrados na consciência, mas eles próprios não tem esta capacidade. Portanto, os arquétipos não podem ser destruídos através da integração ou da recusa em admitir a entrada de seus conteúdos na consciência. Eles permanecem uma fonte à canalização das energias psíquicas durante a vida inteira e precisam ser continuamente trabalhados" (Jung, 1951, p.20).

Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self.

Referência: Teorias da Personalidade, 1939. James Fadiman, Robert Frager.


*Leia também:
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15 comentários:

  1. Esse teu blog tá cada dia mais massa pô!!!

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    1. Valeu pela força Emanuel! Tô me esforçando pra manter, que bom que está agradando! ^_^

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  2. Respostas
    1. Você poderia falar sobre as palavras arquetipas? Prof. Helio Couto fala sobre as palavras que sao arquétipos mas não fala sobre quais sao nem poder podem ter no inconsciente de outrem

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    2. Queria entender melhor. Obrigada

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  3. Esse arquétipo da bruxa/madrasta é espetacular. Ele expressar o quanto a mente humana se esforça em canalizar características maternas negativas fora da figura da mãe imaculada, a Madona, por e para não acreditar que a nossa mãe possa desempenhar esse papel. Que figuras complexas nós somos.
    Acrescentando que conheci o blog através desse texto; e tive uma boa primeira impressão. Muito bem escritas as paráfrases, num texto simples, acessível e sem muita afetação. Já tá incluso na minha lista de blogs a acompanhar. Parabéns!

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  4. Esse arquétipo da bruxa/madrasta é espetacular. Ele expressar o quanto a mente humana se esforça em canalizar características maternas negativas fora da figura da mãe imaculada, a Madona, por e para não acreditar que a nossa mãe possa desempenhar esse papel. Que figuras complexas nós somos.
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  6. Muito bom o seu texto. Estava precisando mesmo esclarecer esse conceito de arquétipo, que ainda estava um pouco confuso para mim. Já deu uma luz. Senti falta apenas das referências das obras do Jung. Queria procurar as obras para aprofundar.

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